Em algumas rápidas conversas com as coordenadoras pelos corredores da escola minhas inquietações como PAPE são divididas. Um dos assuntos dessas conversas foi a possibilidade de integrar às formações da coordenação o uso pedagógico das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC).
Em 2012 tivemos pouquíssimas oportunidades de formação com esse foco no horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC). Assim a formação para o uso das TDIC foi se dando ao mesmo tempo para professor e aluno – o que, apesar de válido na ampliação de repertório e vislumbre de integração ao currículo, talvez pouco tenha contribuído para um uso autônomo do laboratório de informática a curto prazo. Neste ano de 2013 sinto que a demanda de trabalho para o profissional de apoio que atua no laboratório aumentou de modo tão brusco que o acompanhamento aos projetos das turmas terá de ser feito talvez não tão de perto quanto eu gostaria e, consequentemente, a necessidade do uso autônomo por parte dos professores é uma realidade imediata… Formação é, portanto, a palavra de ordem do momento.
Utilizar o computador no dia a dia é simples, fácil e faz parte da vida de todos os professores – mesmo aqueles mais resistentes às novas tecnologias. O grande desafio está em transpor esse conhecimento cotidiano para o contexto educacional integrando as tecnologias ao currículo de forma inovadora, não esquecendo da necessidade de mediar o processo de aprendizagem de seu aluno na busca de transformar a avalanche de informações disponíveis em conhecimento construído.
José Manuel Moran no texto “Mudar a forma de ensinar e aprender com tecnologias” faz uma provocação que merece reflexão e vem ao encontro dessa inquietação que me assola no momento:
“Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial.”
Acredito que falamos em algo maior do que utilizar o computador como recurso pedagógico: falamos em concepção de Educação; em ver o aluno como produtor de conhecimento; em compartilhar informações, remixá-las e criar algo novo a partir do que já existe (o que vai muito além do famoso “Ctrl C, Ctrl V”!); em trazer o mundo real para dentro da escola e, assim, estourar a bolha que envolve e engessa o currículo escolar…
Conforme vou tomando clareza dessas necessidades, toma conta de mim a ansiedade inerente às grandes mudanças, especialmente quando você está no olho do furacão das mesmas, muitas vezes nublando meus pensamentos e me paralisando em meio à demanda gigantesca de trabalho. Entre tantos textos interessantes que tenho encontrado em minhas pesquisas em busca de respostas às minhas inquietações profissionais, está a tese de doutorado de Sergio Bicudo da qual um trecho me saltou aos olhos justamente por ajudar a clarear os pensamentos nublados pela ansiedade:
“(…) O ambiente cognitivo do ser humano, por abarcar uma crescente quantidade de informações, tende a criar uma demanda de soluções urgentes e imediatistas. Observando sistemas emergentes, como os das formigas, enxergamos alternativas para uma atuação mais inclusiva, como por exemplo, a representada pela máxima:
‘Pense globalmente, aja localmente‘.
O ‘pensar’ envolve uma série de processos que partem da interação sujeito-mundo. O ‘agir’, uma operacionalidade estratégica.Nossa contribuição a fim de efetivar a ação é:
‘Veja o complexo, faça o simples‘.”¹
Provocação aceita. Hora de respirar, focar e fazer o simples, porém imprescindível. A começar pela minha formação e troca de ideias com parceiros do mundo todo através do MOOC “Tecnologías de información y comunicacíon en la educación” que estou cursando pela
UNAM, na plataforma
Coursera.
Por conta dessa formação, alguns posts serão publicados e que não terão relação direta com o trabalho desenvolvido na escola (portfólio), mas as atividades propostas neste curso requerem a postagem em um blog… Já que este existe e que a formação faz parte do percurso desta PAPE que vos escreve, pensei: por que não?
1. Grifos do autor.